Tecnologia e Leilão

Bolsa 8. Dador OESTE - Ninguém Vul.

                    K 8 5 2                          LEILÃO sala aberta
                    A 8 7                            OESTE   NORTE   ESTE     SUL 
                    J 10 7                           passo    passo    1ST     passo
                    7 4 2                             passo    passo
J 3                 N         Q 7 6 4                                                   
Q 6 4         O    E      K J 2
 K 9 8 6 2      S          A 4 3            LEILÃO sala fechada
Q 5 3                        A K 10          OESTE   NORTE   ESTE     SUL
                   A 10 9                            passo    passo    1ST      passo
                   10 9 5 3                           3ST      passo    passo  passo
                   Q 5
                   J 9 8 6           Questão: quem está certo, ou quem sabe negociar com mais chance?


Este Leilão ocorreu no round-robin da 12a. Olimpíada e foi reportado no boletim quando se defrontaram Polônia e Inglaterra. Na sala aberta a dupla inglesa jogou 1ST e na sala fechada a dupla polonesa jogou 3ST. O Saidor em SUL pode atacar Copas ou Paus contra 1ST, porém contra 3ST é mais propenso em atacar Copas, excepcionalmente Espadas, que nesse caso é o ataque que derruba 3ST. Com isso essa mão propiciou 6 IMPs aos poloneses.

Na sala fechada a saída foi Copas e NORTE após fazer o Ás continuou no naipe e evidentemente o contrato foi cumprido. A dupla brasileira Junqueira-Maia também jogou 3ST feitos, mas o Leilão foi diferente, pois eles jogam ST fraco. Junqueira abriu de 1 e depois da resposta de Maia de 1 marcou 1ST mostrando uma mão de ST forte (16-17 pontos). Maia então fechou em 3ST.

Mas o fato que queremos destacar é que o ST dos poloneses era de 15-17 HCP e embora a mão tenha 17 HCP ela poderia ter 15 HCP (sem a Q, por exemplo), ou ter 16 HCP (sem o J, por exemplo). 

Noutro boletim 
David Burn   publicou uma interessante análise dessa mão fazendo uma simulação onde se fixa as cartas "J3  Q64  K9862  Q53" em OESTE e com o programa "Dealmaster Pro" impôs que ESTE tivesse uma mão regular de 15-17 HCP e que N-S não tivesse naipe longo para interferir. 

Em segundos foi gerado 1.000 mãos que obedecem essas condições e depois foi executado o programa que analisa com as mãos abertas, o "Deep Finesse", quantas vasas se pode fazer em ST considerando o melhor ataque e a melhor defesa.  O resultado foi:

139 não conseguem fazer 1ST
255 fazem 1ST
338 fazem 2ST                             
sucesso 268     insucesso 732
218 fazem 3ST
50   fazem overtricks


Comparando agora essas situações (contrato 3ST x contrato 1ST) podemos dizer que:
- nas 139 mãos em que não se faz 7 vazas, quem joga 1ST ganha 3 IMPs,
   pois há uma diferença 100 pontos que => 3 IMPs;
- nas 255 mãos que se faz 1ST, quem joga 1ST ganha  5 IMPs,
   pois 1ST feito é 90 pontos e 3ST menos 2 é -100 pontos, logo a diferença de 190 pontos => 5 IMPs; 
- nas 338 que se 2ST, quem joga 1ST ganha 5 IMPs
   pois 1ST+1 é 120 pontos e 3ST menos 1 é 50 pontos, logo a diferença de 170 pontos => 5 IMPs;
- nas 218 mãos que faz 3ST quem joga 1ST perde 6 IMPs
   pois 1ST+2 é 150 pontos e 3ST feitos é -400 pontos, logo a diferença é de -250 pontos => -6 IMP;
- nas 50 mãos que se faz vaza a mais, quem joga 1ST perde 6 IMPs
   pois 1ST+3 é 180 pontos e 3ST+1 é 430 pontos, logo a diferença é de -250 pontos => -6 IMPs.

Isso significa que a esperança de ganho por bolsa (mão) para quem joga 1ST é de:
mais => 139 x 3 + 255 x 5 +338 x 5 = 417 + 765 + 1690 = 2872
menos => 218 x 6 + 50 x 6 = 1308 + 300 = 1608
logo 2872 - 1608 = 1264 que dividido por 1.000 resulta em 1,264 IMPs de ganho por bolsa.

No caso de E-O ser vulnerável, este quadro muda:
o ganho nas mãos que não se faz 1ST é de 5 IMPs 
o ganho nas mãos em que se faz 1ST é de 7 IMPs
o ganho nas mãos em que se faz 2ST é de 6 IMPs
a perda nas mãos em que se faz 3ST ou vaza a mais é de
10 IMPs
isso resulta uma esperança total de: 5X139 + 7X255 + 6X338 – 10X268 =
+1,828 IMPs por mão.

Evidentemente há um desvio na análise feita pelo programa de computador pois foi considerado sempre o melhor ataque e a melhor defesa, e nem sempre a melhor saída é feita, de modo que os contratos tendem a ser mais freqüentemente não bem defendidos do que não bem carteados. 

No entanto mesmo considerando uma vantagem ao Declarante (Carteador), está claro que na mão em questão, entre passar ou marcar 3ST, passar é mais vantajoso a longo prazo. Além disso, esta análise permite ver que em comparações onde há a possibilidade de se cair mais que uma vaza, marcar game no caso de ser vulnerável não tem vantagem alguma, ao contrário, aumenta a desvantagem. 

Faltou portanto uma análise de decisão convidando via 2ST se o sistema assim o permitir. Nesse caso, nas mãos com 15 ou 16 HCP feios o Abridor passa. Caso o convite implique em revelar a mão do Abridor, isto pode ajudar os defensores na saída e portanto pode não compensar.

Conclusão a dupla inglesa, que provavelmente com a tecnologia do computador fez várias simulações de situações parecidas com as dessa mão, seguiu o que manda as probabilidades, porém nessa mão específica foi a dupla polonesa que ganhou 6 IMPs.

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