CUE-BID
É uma situação de leilão em que um jogador de uma dupla marca o naipe
marcado pelo oponente
como uma forma de forçar o seu parceiro a falar outra vez no leilão. Dependendo da
situação o cue-bid pode ter diferentes interpretações e mesmo entre duplas
essas interpretações podem variar, pois os acordos ou convenções de leilão
variam de dupla para dupla. Portanto uma dupla nova deve sempre rever as
convenções de cue-bid que irão adotar.
O campeão brasileiro e internacional Roberto Figueira de Mello costuma traduzir
o termo cue-bid por Voz de Tabela Imediata (VTI), porém diante da
globalização estamos abusivamente misturando o termo cue-bid aos vocábulos da
lingua portuguesa.
Segue algumas explicações de situações de não cue-bid (que não força o
parceiro a falar) e de cue-bid:
a) Oponente abre 1 ou 1
e você em segundo de mão pode ter uma convenção com seu parceiro que permita
marcar
o naipe pobre do oponente em nível 2 para mostrar um overcall natural com bom naipe sexto ou
sétimo, pois a abertura de naipe pobre sempre suspeita de ter 3 cartas e pode
portanto ser um falso naipe. No entanto este cue-bid (marcação do naipe do
oponente) é popularmente usado para mostrar um bicolor (5-5) com mão fraca.
Veja convenção michaels.
Assim sendo, para se mostrar um bom naipe pobre mencionado pelo abridor é mais
comum marcar esse naipe em salto no nível 3 deixando a marcação em nível 2
para marcação de bicolor fraco.
Abridor Overcaller
1
3 <= esta voz não é
de cue-bid, não obriga o seu parceiro a falar, indica naipe de Paus.
b) Quando o oponente abre de 1
ou 1 que é naipe
quinto, não tem sentido em querer dizer ao parceiro que você também tem esse naipe
e portanto a marcação do cue-bid em nível 2 é popularmente a conveção michaels.
c) No entanto historicamente o cue-bid foi muito usado para mostrar uma mão bem forte
que tem praticamente game sozinha. Muitas duplas que não adotam a convenção
michaels ainda usam o cue-bid para tal situação. Exemplo:
Abridor Você
1
? sua mão: AKQ107
6 AKJ108
A3
para quem joga que cue-bid é uma mão forçante a game esta é
uma situação em que o cue-bid se aplica e portanto a voz correta
seria marcar 2 estabelecendo uma
comunicação forçante a game.
No entanto, modernamente para quem joga michaels o cue-bid nessa mão deve ser retardado.
Ou seja é preciso primeiro dobrar e depois dar o cue-bid para estabelecer uma
comunicação forçante a game e finalmente saltar a game pois o parceiro pode
ter zero pontos e passar na primeira oportunidade!
d) No Bridge competitivo o cue-bid é muito usado para forçar o parceiro a melhor
explicar sua mão. Por exemplo. O adversário abre de 1
seu parceiro dá um overcall em nível 1 e o outro oponente passa.
Sua voz de 2 não
mostra um naipe de Paus, mas sim um bom
jogo e quer dialogar para saber se há possibilidade de "game" ou não. Ou seja, este
é também um cue-bid e sua função consiste em permitir um melhor entendimento da mão do
"overcaller" (seu parceiro).
Abridor Overcaller Respondedor Você
1
1
passa 2
<= cue-bid forçante por uma volta a voz de
2 indicaria overcall fraco
e você pode passar
e) Muitas duplas usam no leilão competitivo o cue-bid para perguntar ao parceiro
se ele tem uma pega (honra) no naipe adversário. Nesse caso o parceiro
deve marcar ST ao nível quando tem pega.
Por exemplo:
Abridor Oponente Respondedor
1
2
? tem a mão:
63
J4 AKQ1094
Q105
neste caso o cue-bid em 3
tem em primeiro lugar
o sentido de pedir pega (stop) de Copas para jogar 3ST.
d) O cue-bid de naipe rico em nível 3 é convencionalmente pergunta de pega
para marcar 3ST
Abridor Overcaller
1
3 <= pede pega
de Espadas (Ax ou Kx ou Qxx ou Jxxx)
com a mão:
3
QJ4 AKQJ984
A7 é melhor
tentar 3ST do que 5
e) O cue-bid após abertura de barragem é indicação de bicolor indeterminado
5-5 ou 6-5.
Oponente Overcaller
2
3 <= tenho bicolor
forte em distribuição
( 3
J4 AKQJ9
KJ1097
QJ1093
4 4
AKJ872)
nesses casos se o parceiro marcar onde se está curto, marca-se o primeiro
naipe possível do bicolor, de modo que o parceiro entenda nossos naipes.
f) Mesmo no leilão livre, onde não há interferência, após naipe combinado
entre a dupla, denomina-se de cue-bid a marcação naipes laterais para indicar
Áses, Reis, chicanas ou secas para esclarecer a dupla se existe alguma falta de casal (A e K) de algum naipe
de modo a evitar de se jogar um Slam que possa dar duas vazas na saída. Exemplo:
Abridor Respondedor No leilão onde a resposta de 2
é forçante a game
1
2
1 => cue-bid de apoio pode ser Ax ou Kx ou Qxx
ou Qx
2
2
2 => cue-bid de Copas indica Ás de Copas
ou chicana
31
32
3 => cue-bid de Ouros, naipe marcado, indica Ás de Ouros
43
44
4 => cue-bid de Copas indica agora Rei de
Copas
45
5ST6
5 => não tenho nada mais a contar da mão
67
passo 6
=> Grand Slam Forcing - se tiver 2 honras superiores (AK/AQ/KQ)
de Espadas então marque 7.
7 => não tenho
Para quem joga o sistema 2/1 e a convenção "FAST ARRIVE", quando o Abridor
possui mão mínima e ausência de duas honras superiores em Espadas, no leilão
acima após o Respondedor marcar 2
forçante a game e abonar em 2,
o Abridor deve pular em 4
negando-se a participar de cue-bids e alertando seu parceiro de que a abertura
é muito limitada. Ou seja, somente se inicia cue-bid quando há interesse em
Slam. Dar cue-bid não é obrigatório num leilão forçante a game, mesmo porque não
há interesse em indicar aos oponentes onde não se tem cartas altas.
Nota: há ainda outras formas de se usar o cue-bid em leilão de Bridge, mas
isso deve ser sempre feito entre duplas bem entrosadas e que dominam
perfeitamente esta técnica auxiliar para melhorar o conhecimento da mão entre
a dupla.
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