Entrevista
com o paulista João Paulo Campos que relatou
interessantes mãos que viveu neste 47o. Campeonato Brasileiro de Quadra, onde
ele reforçou o time de cariocas que venceu a competição derrotando na final a
equipe gaúcha local reforçada pelo paulista Cláudio Sampaio.As duas primeiras mãos que relato, ocorreram nas rodadas iniciais do campeonato, onde eu joguei com Diego Brenner.
1)
98xxx
Leilão: 
9x
Vul nVul
Vul nVul 
AQ9x
oponente Diego oponente JP
Jx
1
1
dobro passo nada
=======
QJxx 2
passo passo 3ST
Axx ! Diego
!
Q1087
dobro passo
passo passo
K108x !
!
xxx KQ9xxx ! JP !
xx
saída: K
=======
AK107 KJxx Jx
A10xComentário de JP: Após a voz do Diego de 1 Ouros e o dobro do oponente perguntei o sentido desse dobre e falaram que possivelmente prometia os dois ricos. Resolvi passar para ver como ia o leilão. Marquei depois 3ST e fui dobrado.
Nosso Comentário: O baralho tem 40 pontos em cartas altas (HCP), o abridor vulnerável deve ter seus 13 HCP e JP tinha 16 HCP, isto soma 29 HCP. O oponente que dobrou vulnerável deve ter no mínimo seus 5-6 HCP com os dois ricos, logo sobrou no máximo 5-6 HCP para Diego e JP só tem uma pega em Paus. Perguntamos então ao JP se ele queria punir o parceiro por brincar não Vul? Ele respondeu que não. Disse que realmente não imaginava um overcall desse tipo. Mas, convenhamos, se houve um psíquico nesse leilão só poderia ser dado pelo não Vul!
Comentário de JP: Fiz o Ás e tive uma pequena esperança que houvesse uma honra seca de Espadas com o Saidor, mas após bater o A
ele
baldou Copas.
Joguei então o 10.Nesse momento posso perder o jogo com a volta de Paus, mas ESTE que havia feito a vaza de J
voltou o 10,
ao qual eu cobri com o J
arrancando o A
de OESTE, que jogou então Q
e Paus. Com a finesse de Ouros marcada fiz 4 Espadas, uma Copas, 2 Ouros e 1
Paus. Mas o ponto interessante desta mão, razão da minha seleção, é o detalhe técnico para não deixar que se faça 3 vazas em Ouros entrando duas vezes no morto, pois preciso entrar no morto para fazer a finesse de Espadas e depois entrar no morto para realizar a quinta Espadas.
Se a volta, ao invés do 10
,
fosse Paus e Paus, ao fazer o 10
na mão não haveria modo certo para se jogar os Ouros. Se eu jogasse o J OESTE
poderia fiar e eu não conseguiria entrar duas vezes na mesa. Se eu jogasse
pequeno Ouros para fazer a finesse de 9
OESTE poderia jogar o K, que
não custaria nada caso seu parceiro tivesse o J.
É essa simples jogada técnica obrigatória, de buscar um bloqueio na mão do
Carteador,
que considero interessante transmitir aos bridgistas.Nosso Comentário: Realmente, o Bridge requer imaginação, pois as cartas estão fechadas. mas há uma lógica, nessa luta defesa x Carteador, que faz nossa imaginação trabalhar!
Ainda nesta mesma rodada ocorreu a seguinte mão que muito nos favoreceu:
2)
xxx
Leilão:
AKQx
nVul
nVul
KJxx
oponente Diego oponente JP
Qx
1
passo
1ST* dobro KQJxxxx =======
Axx
2
4
4
5
Jxx ! Diego
!
x
5
6
dobro passo
nada
!
!
xxxxx
passo passo Axx
! JP
! xxxx
saída: A
* forçante
=======
nada 109xxx AQxx KJ10x
Comentário de JP: Nessa mão, após 4
,
minha marcação de 5
é forçada pelo corte de Espadas, e após 5,
Diego teve o "feeling" dessa chicana e marcou para ganhar! Nessa
altura ninguém sabe quem está atacando ou defendendo, porém entre cair uma
abaixo (down 1), mas ter a chance de ganhar um Petit Slam, é melhor que correr o risco de
errar a saída de trunfo e só ganhar 100 em 5
dobradas.Nosso Comentário: Realmente, em leilões onde os dois lados cortam um naipe o baralho adquire 50 pontos! O leilão fica muito agressivo e ninguém sabe mais o que pode acontecer. No entanto, se a abertura fosse 4
,
provavelmente este poderia ser o contrato final, pois se JP reabrisse em 4ST,
Diego poderia ficar tentado a marcar 6
e então OESTE poderia usar do dobre LIGHTNER para pedir a saída no naipe mais
longo (Ouros) e
derrubar uma (down 1).