A História do Bridge
A história do jogo de cartas conhecido mundialmente como Bridge, pode ser traçada numa evolução de vários jogos de cartas, alguns deles mencionados em 1529 na Inglaterra.
Os jogos de então eram denominados de: triumph, trump, ruff, slam, ruff and honours, whisk and swabbers, whisk, e finalmente "whist", que consolidou os anteriores mencionados tornando-se popular pelos idos de 1742, quando aparece o primeiro livro de whist. Em 1834 Lord Henry Bentinck introduz o sinal HIGH-LOW, até hoje usado para sinalizar número par de cartas ou interesse na continuação do naipe.
Mas é em 1857, em Londres, que é jogado o primeiro jogo duplicado de WHIST, sob a direção de Cavendish. Procurava-se assim fazer com que a habilidade do jogador fosse evidenciada devido todos jogarem com as mesmas cartas, fato que propiciou a vitória dos times com melhores jogadores. No entanto demorou quase 25 anos para que essa prática se proliferasse. Os Estados Unidos iniciou essa prática um pouco antes que a Inglaterra. Isso ocorreu em Chicago em 1880, em New Orleans em 1882, na Philadelphia em 1883 enquanto que na Europa isso se estabelece somente em 1880 em Glasgow.
Em
1891 foi fundada a American Whist League e em 1892 foi introduzido o
primeiro livro de regulamento por J. T. Mitchell que idealizou o
método dos match-points (pontuação para torneios).
Já nessa época, no Portland Club, começava-se a falar em Bridge
Whist. O Bridge Whist diferenciava-se do Whist em 3 principais
aspectos:
1 - no Bridge Whist uma mão ficava exposta na mesa, atuando
como morto durante o carteio, tal como era usado no Whist quando
havia somente 3 jogadores.
2 - o jogador saidor (dealer) tinha o direito de
anunciar o naipe trunfo ou Sem Trunfos, podendo inclusive transferir
esse direito ao seu parceiro (ato de Bridged).
3 - havia o direito de dobrar e redobrar indefinidamente, tal como
no jogo de Poker.
Na verdade a origem da palavra "Bridge" associada ao jogo
é bem obscura. Há um folheto de 1886 no museu britânico
intitulado "Biritch" ou Russian Whist, que fez alguns
historiadores suporem que o nome Bridge fosse de origem russa ou turca. No entanto as evidências históricas sugerem que
o fato do saidor poder "Bridged" o leilão ao seu parceiro
seja a razão da palavra "Bridge" se prestar como nome do
jogo.
Em 1904 um passo significativo foi dado na evolução do jogo de
Bridge com a introdução dos princípios de leilão, na
Índia (Britânica) e na própria Inglaterra. O Bridge Leilão ("Auction
Bridge") adquiriu rápida popularidade até 1927.
O próximo grande passo na evolução do Bridge ocorreu na França onde o jogo de "Plafond"
(teto maior de
vazas pretendidas) era jogado desde 1918 com similaridades jogadas também nos
EUA antes de 1915. Em todos esses jogos cada dupla tinha que
leiloar o seu "Plafond" ou "ceiling" (quantas
vazas achavam que iriam fazer), sendo que somente
vazas leiloadas e feitas contavam para pontos de game.
Foi
em 1925 que a atual modalidade contrato foi concebido e formalizado
por HAROLD STIRLING (MIKE) VANDERBILT. Em 31 de outubro de 1925 a bordo do "SS
FINLAND" no Canal do Panamá durante uma viagem de 9 dias entre Los Angeles
- Havana, após ter ficado irritado quando uma moça que assistia ao jogo fez
críticas ao fato do Plafont não usar o conceito de vulnerabilidade de outros
jogos. Mike foi famoso por ser um grande campeão no iatismo, tendo sido inclusive capa do
Times, porém ele está imortalizado pelo seu entusiasmo pelo jogo de cartas,
Whist, Bridge, Bridge Leilão e do Plafond, de onde ele reuniu e incorporou os
conceitos no novo jogo que ele denominou de Bridge Contrato. Ele estabeleceu uma
tabela de pontos em valores múltiplos de 10 introduzindo o conceito de
vulnerabilidade com premiação para Slams (12 e 13 vazas contratadas e
feitas) e pontos de penalidade para contratos não cumpridos e contratos
dobrados que passaram a ter multas escalonadas de forma diferente quando eram ou
não vulneráveis. Isso corrigiu os maiores problemas do Plafond. Ele distribuiu
sua tabela entre amigos em Nova York e isto se propagou tão rápido que dois anos depois foram feitos
os livros de leis e regulamento para serem usados nos tradicionais clubes
de Whist de Nova York.
O Bridge Contrato, atualmente chamado somente de Bridge, tem portanto sua comemoração de
nascimento em 31 de outubro de 2005 devido a Harold S. Vanderbilt, que foi
então a primeira pessoa
eleita para o "Bridge Hall Of Fame" inaugurado em 1964, e em 1969 ele
se tornou membro honorário do World
Bridge Federation (WBF).
Em 1929 a American Auction Bridge League retirou a palavra "Action"
do seu título, pois era patente que o "Contract" havia se
firmado em popularidade, tornando-se assim a conhecida ACBL.
Novas autoridades e lideranças surgiram com o Bridge Contrato. O destaque foi para Ely Culbertson, que fundou a revista Bridge World em 1929 e que escreveu o célebre "Blue Book" em 1930. Este trabalho estabeleceu os princípios de leilão forçante, base para todos os modernos sistemas de Bridge.
Em 1940 a liderança de Culbertson já havia declinado e estava agora com Charles Goren. Goren se notabilizou pela criação de um Sistema de Leilão que adotava um conceito de avaliação mais simples da força mão. Ele trocou a avaliação existente introduzida por Culbertson, que tinha como base as vazas honra ("honour tricks" A = 1 HT; AK = 2 HT; AQ = 1,5 HT; AKQ = 3 HT; Kx = 0,5 HT; etc) por uma pontuação onde o Ás vale 4 pontos, o Rei vale 3 pontos etc, criando assim o Sistema Goren, que muito facilitou quem tinha problemas em somar frações.
O Bridge se consolidava como jogo
mundial com o primeiro Campeonato Mundial em 1937, porém a
continuação só foi possível em 1950 nas Bermudas, mas inicialmente
era bem limitado. O campeão europeu enfrentava o time campeão dos
Estados Unidos. Somente em 1958 é que o WBF
foi criado e os campeonatos mundiais tiveram adesão de vários países. A primeira específica Olimpíada Mundial de Bridge foi jogada
em 1960 e passou a ser repetida de 4 em 4 anos.
Atualmente o WBF tem representação de 103 países com mais de 700 mil
participantes e desde de 1977 é uma organização sem fins lucrativos voltada
ao incentivo do Bridge como desenvolvimento intelectual e social, inclusive com
projetos de introduzir o Bridge nas escolas.
No Brasil o Bridge foi introduzido logo após a primeira grande guerra. Em 1919,
em São Paulo, na velha sede do Circolo Italiano ainda no Largo da Sé,
reuniam-se à noite os pioneiros Prof. Aldo Moroni, Maestro G. Menesini, Cap.
Caronte Magnoni, Cap. Mario Porta e Cap. Valentino Guerin. Foi lá no Circolo
que em 1931 realizou-se o primeiro torneio de Bridge e para tal o
Prof. Moroni buscou orientação por correspondência de bridgistas de Nova
Iorque para ter as técnicas para movimentar as bolsas de modo a que todos
jogassem com as mesmas cartas, para variado número de duplas participantes.
No final da década de
30 a Sociedade Harmonia de Tênis e o Clube de Xadrez São Paulo já congregavam
aficionados jogadores de Bridge, como Antonio Teixeira Assumpção, e em 1939 muitos
deles se reúnem para fundar o "Bridge Club Paulistano", que tem hoje
sua sede na rua Gabriel Monteiro da Silva 2013.
É destaque o envolvimento dos irmãos Adolfo e Waldomiro Taubkin na
determinação da criação de um Clube de Bridge em São Paulo. Isso fez com que o Bridge
evoluísse em São
Paulo nas décadas de 40 e 50, porém em 70 o Rio de
Janeiro, que também tem seu Clube de Bridge, já tinha formado um grupo de jovens que
resolveram estudar Bridge de modo sério e conseguiram fazer um núcleo composto
pelos mais fortes jogadores do Brasil.
Em 1976 o Brasil ganhou seu primeiro título mundial na 5a. Olimpíada de times em
Monte Carlo - Mônaco e em 1989, conseguiu vencer a 30a. Bermuda Bowl e se
tornar campeão mundial por time em Perth na Austrália. No
entanto, o Bridge brasileiro atual tem carência de novos jogadores
em todos os níveis, mas consegue ainda ainda, com base na "velha
guarda" formar times brasileiros misto de jovens e de antigos
campeões para ser competitivo internacionalmente.
Várias duplas
brasileiras se destacaram em determinados períodos e depois não
jogam mais de parceiros, por exemplo, Gabriel chagas
(antigo campeão) e Diego Brenner (jovem campeão), jogaram no
time combinado (EUA-BRA) que ganhou o Transnacional de 2001 em Paris e fizeram terceiro
lugar na olimpíada de duplas realizada em 2002 em Montreal (veja
foto). Chagas é o bridgista brasileiro de mais alto ranking
internacional e até 2002 estava na invejável posição de quinto lugar no
ranking dos World Masters (campeões mundiais). No entanto, há jogadores como Marcelo
de Lima Castello Branco e
Miguel Calmon Villas-Bôas (veja
foto), cujos talentos para o Bridge são inegáveis. Marcelo
é o único no mundo que conseguiu ganhar duas vezes o "World Open Pairs" -
Olimpíada de Duplas (uma jogando com
Gabino Cintra em 1978 e outra com Gabriel Chagas em 1990). Miguel ainda jovem
tem muito a dar para o Bridge. Sua agilidade e lógica mental aliada a sua
presença na mesa o destaca dos demais mortais jogadores qualificando-o como de
valor imprescindível para integrar qualquer time que represente o Brasil no
exterior. Atualmente Miguel joga de parceiro com Gabriel. Em São Paulo, o também jovem João Paulo de Almeida Prado Campos,
tem dado amostras de sua liderança e competitividade. Em 2004 junto com Sérgio
Aranha foram a melhor dupla da Seleção que define os jogadores para
representar o Brasil no exterior, porém já não mais jogam juntos. Outra
dupla de campeões muito bem entrosada é formada pelo carioca
Roberto Mello com o gaúcho Ricardo Janz, atualmente morando no Rio
de Janeiro, porém também não jogam mais juntos e estão fazendo
parceirias com jogadores mais jovens, da mesma forma que Marcelo
Branco, o que permite formar jovens competitivos para eventos
internacionais, onde destacamos a dupla de jovens Beto Brum e Beto
Barbosa como futuros campeões nacionais, pois em 2004 já se
tornaram campeões sulamericanos de júniors.
Além de valorizarmos nossos campeões nesse resumo, veja mais em "Galeria
dos Campeões", é importante frisar que há outras importantes
contribuições na divulgação do Bridge no Brasil, como por exemplo a
criação da Revista Brasileira de Bridge (RBB),
um esforço do casal Fernando e Marina Amaral de SP, e que atualmente está
continuando com a coordenação de Ernesto D'Orsi. Esta revista tem
atingido assinantes até em outros países da América Latina e sem dúvida tem
na sua memória páginas importantes da história do Bridge Brasileiro. Há
livros escritos por Ernesto D'Orsi, como "Os Mistérios do Leilão",
que marcaram importante ajuda como literatura bridgista brasileira.
Finalmente, o Bridge é atualmente reconhecido como esporte, tal como: Golf,
Rugby, Squash, Karate etc. porém não foi ainda admitido como um esporte
Olímpico, embora sérios esforços já tenham sido feitos na direção de fazer do Bridge um Esporte
Olímpico de Inverno. Pratique o Bridge e mantenha seus neurônios devidamente
conectados e ativos!