REGRA DOS ONZE
- saída na 4a. carta
Geralmente o principiante é ensinado a sair na 4a. maior carta de seu naipe
mais longo quando ele está defendendo um contrato de ST. Quando seu parceiro é
um jogador já intermediário ele pode tirar bom proveito dessa convenção de
saída se souber pensar, como veremos a seguir:
Tanto em (1) como em (2) o Leilão foi 1NT e todos passaram. N-S usa a
convenção de sair na 4a. maior carta de seu naipe mais longo. Questão, qual a
carta que NORTE deve jogar em (1) e em (2)?
A)
Q862
B)
Q862
===N===
===N===
J109
=O E=
1ST
J109
=O E= 1ST
===S===
===S===
saída 3
saída 5
Análise: Quem abre de 1ST deve ter pelo menos 2 cartas em cada naipe. NORTE ao
ver a saída de SUL de 3
contou as possíveis cartas maiores que o 3.
Ele sabia devido a convenção que jogam, que seu parceiro tem 3 cartas maiores.
No morto ele viu mais 3 cartas maiores e na sua mão havia mais 3 cartas
maiores. Logo são 9 cartas maiores que o 3.
Considerando que essas cartas maiores faltantes são o 4,5,7,K,A
só será vantajoso para NORTE servir a Q
se SUL tiver AK74 ou AK75
ou AK54. Em todas as
outras configurações que SUL só tem uma honra, ou que ESTE tem A7,
A5, A4,
K7, K5,
K4 ou AK.
Além disso, ESTE abriu de 1ST e precisamos dar crédito que ele é mais
provável de ter uma honra de Espadas!
Portanto se NORTE entrar de Q
provavelmente E-O fará 2 vazas no naipe. No entanto, se ESTE tiver o Kx
e nesse caso SUL tiver o Axxx
E-O faz somente uma vaza após SUL bater o Ás e depois NORTE realizar a Q8.
Após pensar em tudo isso NORTE serviu o 8
encorajando SUL a continuar no naipe após fazer alguma vaza e indicando a posse
de 4 cartas. Portanto em (A) a melhor jogada é o 8.
Em (B), onde a saída foi 5,
NORTE observou que as 3 cartas superiores ao 5,
que SUL pode ter só podem ser o 7,K,A
pois todas as outras superiores estão na mesa e na sua mão. Logo o Carteador,
ESTE, tem o 3,4.
Portanto, em (B) NORTE tem que entrar com a Q
para que N-S realizem seguramente todas as 4 vazas nesse naipe.
Conclusão, essa convenção pode ajudar muito a defesa e realmente ela se
tornou muito popular, porém nem todos bridgistas tinham paciência de ficar
pensando tudo isso e daí se criou uma regra para automatizar esse raciocínio
de quantas cartas superiores o Carteador pode ter. Essa regra se chama Regra dos
11 e vamos analizá-la a seguir.
Robert Frederick Foster (1853-1945) nasceu na Escócia, porém vivia em Nova York
onde tornou-se uma autoridade em jogos de cartas. Ele já tinha uma coluna sobre
Whist numa revista e numa carta em 1890 a um amigo ele explicou a "Regra dos
Onze", que foi incorporado depois em seu compêndio sobre jogos de cartas de
1897. Também, independentemente, E. M. F. Benecke de Oxford já usava a
Regra dos Onze na Inglaterra. O fato é que conhecer e usar a "Regra dos Onze" é
importante como ferramenta para uma melhor defesa poder evitar que o Carteador
cumpra o contrato. mas também dá dicas para o Carteador.
A "Regra dos Onze" exige que a saída em naipe quarto, quinto, etc, seja feita na
quarta maior carta do naipe longo. Ela envolve uma simples subtração do número
da carta do Saidor de 11. Com isso pode-se excluir as cartas maiores que
estão no morto e na sua mão de modo a inferir o número de cartas superiores que
o Carteador tem na mão dele oculta.
Assim em (a) cuja saída foi um 3 faz-se 11-3=8. Logo existem 8 cartas
superiores e como 3 delas estão na mesa e 3 delas estão na mão de NORTE ele
sabe que ESTE pode ter até 2 honras superiores, porém isso não quer dizer que
as tenha necessariamente como vimos na análise feita.
Assim em (b) cuja saída foi um 5 faz-se 11-5=6 e como as 6 cartas faltantes
estão a vista de NORTE ele sabe 100% que ESTE não tem honra superior a sua Q.
Vejamos mais algumas situações de uso:
1)
morto
K53 você
saída 7
AJ9
Neste exemplo o trunfo é Paus e seu parceiro saiu em Copas naipe não mencionado
no leilão. Aplicando a regra dos onze fazemos 11 - 7 (carta de saída) = 4, considerando que
existem 4 cartas maiores do que o 7 fora da mão
do Saidor e como o morto tem uma delas e você tem outras 3 então o Carteador não
tem nenhuma carta superior ao 9 e você pode
servir o 9 que você fará a vaza caso o seu
parceiro tenha saído na quarta carta maior conforme reza a Regra dos Onze. Quem
não aplica aqui a regra dos onze pode ficar imaginando que o Carteador pode ter
uma Q e portanto a entrada de
A pode ser o correto.
2)
morto
AQ95 oponente
saída 6
3
Carteador
J84
Neste exemplo o contrato é em Sem Trunfos e você é o Carteador e o Saidor usa a
convenção de sair na 4a. carta. Aplicando a regra dos onze fazemos 11 - 6
(carta de saída) = 5, e sabendo que das cinco maiores cartas que o
6 existentes fora da mão do Saidor, três delas estão
no morto e duas na sua mão. Portanto você pode concluir que a finesse é segura e
que todas as quatro cartas de Ouros serão vazas certas para você cumprir o
contrato.
3)
morto
A10764 oponente
saída 5
K832
Carteador
QJ9
Neste exemplo o contrato é em Espadas e a saída foi em Paus onde você tem 8
cartas. Considerando que os oponentes usam a convenção de sair na 4a. carta você
ao fazer 11 - 5 obtêm que existem 6 cartas maiores que o 5
e como você está vendo o morto com 4 delas e sua mão com mais 3 delas está claro
que não foi um saída na 4a. carta. Portanto pode ser uma saída na seca ou
dubleton. Então é melhor entrar de Ás para evitar um corte e tirar os trunfos.
No entanto se o Carteador achar que pode ser uma saída na terceiro carta, com
K85 e fizer a finesse.
Nesse caso, se a finesse não funcionar, o oponente que fez o K, e
que está vendo que não foi uma saída na 4a. cartam, pois todas as cartas abaixo
do 5 estão a vista,
conclui pela regra dos 11 e pelo fato que o Carteador com seca entraria de Ás,
que a saída de 5
foi feita seca e portanto que deve retorna neste naipe para o corte do parceiro.
Ao retornar ele aproveita para mostrar ao parceiro qual o naipe onde ele tem
honra alta, excetuando-se Espadas (trunfo) e Paus. Se ele tiver o
A ele retorna numa carta alta, no caso o
8. Se ele tiver o
A ele retorna uma carta pequena, no caso o
2.
Se ele não tiver nenhum Ás, mas tem um Rei
vermelho ele retorna também numa carta alta, se o Rei for de Copas, e numa carta pequena, se o Rei for de
Ouros. É dessa forma que uma defesa se estrutura na comunicação da seqüência de
continuação.
/ / /