SQUEEZE DUPLO
O squeeze duplo ocorre quando ambos oponentes ficam squeezados. Os dois squeezes, que irão resultar num ganho de uma vaza, podem ocorrer simultaneamente ou seqüencialmente.
- Simultâneo: é quando durante na mesma vaza as duas mãos adversárias ficam squeezadas.
- Seqüencial: é quando primeiro fica squeezada uma mão numa vaza e depois fica squeezada a outra mão noutra vaza.
O squeeze duplo é uma situação típica onde o oponente da Esquerda defende um naipe e o oponente da Direita defende um segundo naipe e ambos defendem um terceiro naipe antes do squeeze ocorrer. Portanto o carteador precisa ter 3 ameaças sendo que elas não podem evidentemente estar na mesma mão e sim distribuídas 2 a 1, entre a mão que tem a carta squeezante e a outra mão.
Obs. Se as três ameaças estiverem na mesma mão o squeeze está fadado a falhar pois o adversário que joga depois da mão que tem as ameaças irá baldar o controle da ameaça que foi baldada na carta squeezante de modo a manter o controle da(s) ameaça(s) presente(s). Ou seja, é preciso ter uma ameaça junto com a carta squeezante.
Para sistematizar o estudo do squeeze duplo e poder introduzir regras de
auxílio na sua confecção, vamos seguir a orientação do matemático Clyde Elton
Love, autor em 1951 de "Squeeze Play in Bridge", e em 1959 de "Bridge
Squeezes Complete", este segundo livro, para nós, consiste no melhor estudo
de
sistematização já feito
sobre Squeeze. Uma excelente leitura para um bridgista estudioso.
Clyde Love sugere que se crie um referencial baseado na mão que possui uma
única ameaça e dá nome aos naipes como se segue:
- Naipe L (LEFT) ao naipe a esquerda da mão com uma única ameaça.
A
ameaça controlada pelo naipe L pode estar na mão ou no morto;
- Naipe R (RIGHT) ao naipe a direita da mão com uma única ameaça.
A
ameaça controlada pelo naipe R pode
estar na mão ou no morto.
- Naipe B (BOTH) ao naipe central que é controlado por ambos oponentes;
- Naipe F (FREE) ao naipe livre, ou quarto naipe, onde o carteador possui
vencedoras livres que irá
gerar a carta squeezante. Os naipes L e R são
chamados também de semi-livres.
A condição necessária para ocorrer o duplo squeeze é que cada defensor fique sujeito a um squeeze simples quando seu parceiro não conseguir mais segurar o naipe B (central).
Para se determinar a presença de uma Duplo Squeeze é necessário que o
carteador:
- verifique a existência das 3 ameaças e verifique as condições de
comunicação e de squeeze
simples contra ambos oponentes;
- planeje o carteio verificando se todas as condições ficarão em efeito
até cada squeeze ocorrer
naturalmente;
- faça todas as vazas vencedoras livres ou semi-livres (obedecendo a seqüência das
regras) que
tiver que usar para limpar os oponentes das cartas não ocupadas, baldando
sempre cartas que
não sejam do naipe central (B).
- registre todas as cartas importantes baldadas pelos adversários nos naipe
laterais.
Seguindo essa orientação você poderá facilmente identificar e executar um squeeze duplo embora ele apresente maior complexidade que um squeeze simples. Vejamos dois exemplos:
-
-
5
6
diagrama X
K8
diagrama Y
87
A5
A5
========
=======
-
! N
! -
- !
N !
-
6
! O
E !
98
J87 ! O E !
Q95
QJ
! S
!
9
Q9 ! S
!
-
QJ
========
K9
- =======
J9
J
J
J7
AK3
7
-
8
4
No diagrama X,
num final de 5 cartas de contrato em Sem Trunfos, N-S possui
como vaza certa o J, o
J,
K
e o
A.
Ou seja, ele tem 4 vazas e portanto neste final de n=5 cartas a mão está
retificada com n-1 ganhadoras. As ameaças são:
.
7, que está controlado pelo
9 e
8 de ESTE;
.
8, que está controlado pela
Q e
J de
OESTE;
. 5, que está controlado pela
Q e J de OESTE e
também pelo
K e
9 de ESTE.
A mão que possui uma ameaça é Sul onde está também a carta vencedora do naipe F (J), logo a ameaça 7 tem a sua esquerda o naipe L (Ouros) e a sua direita o naipe R (Copas), sendo que o naipe B (central) é Paus, que é controlado pelos dois oponentes.
Para eliminar as cartas não ocupadas (cartas vermelhas em
X):
-
batemos o
K
em NORTE retirando de ESTE o 9
desocupado;
- retornamos em Copas para SUL retirando de OESTE o 6
desocupado;
-
então jogamos a carta squeezante
J (última carta do naipe
free).
Isso produz um squeeze em ambos os adversários na mesma vaza, pois OESTE precisa desguarnecer Paus para guardar
Ouros e NORTE então descarta Ouros que deixa de ser uma ameaça útil. ESTE
fica agora num squeeze simples entre o naipe central Paus e a guarda de Copas.
No diagrama Y, também num final de 5 cartas em Sem Trunfos, há também 4 vazas firmes e 3 ameaças que são: R: 5; L:8; B:3, onde a ameaça central (B) está sozinha em SUL junto com a carta squeezante, vencedora do naipe F.
Aqui ocorre um squeeze seqüencial, pois na jogada de J, OESTE e NORTE baldam Ouros enquanto que ESTE é squeezado entre Paus e Copas (naipe central) e portanto balda Copas pois Paus somente ele segura. Na jogada seguinte, o carteador joga o 4 para o A de NORTE e quem fica agora squeezado é OESTE entre Ouros e o naipe Central Copas, visto que seu parceiro já havia desguarnecido o naipe central na vaza anterior.
Note nesses exemplos anteriores que a menos que as vencedoras F, L e R sejam
jogadas numa determinada ordem correta o squeeze irá falhar. No diagrama X a
carta Free (J)
não pode ser jogada inicialmente, pois iria squeezar a mão oposta baldando
ameaças ou a comunicação em Copas. No diagrama Y se o naipe central composto pelo
AK de Copas for jogado antes não haverá squeeze.
Assim, é preciso saber as regras para se jogar as vencedoras F, L e R. Isto é verdadeiro para todo
squeeze duplo em geral, embora na maioria das vezes o squeeze funcione
jogando-se primeiro as vencedoras livres do naipe L. Ou seja, é preciso estudar
a regra para cada situação!
Uma das características do Duplo Squeeze é que ele ocorre sempre que a última carta vencedora F, R ou L é jogada, restando portanto ganhadoras somente no naipe central. Diante desse fato resulta que:
1- Em todo squeeze duplo, o naipe central precisa estar acompanhado de uma
entrada nele mesmo, isto é, ele precisa ter uma carta TOP junto com a ameaça e
ter uma carta desse naipe na mão oposta.
2- Em todo squeeze duplo, se todas as vencedoras B estiverem na mesma mão,
então a carta squeezante precisa residir na mão oposta.
CLASSIFICAÇÕES DO SQUEEZE DUPLO
Existem dois grandes tipos de squeeze duplo que chamaremos de tipo R e tipo
B.
No tipo R, a ameaça R está sozinha oposta as ameaças L e B (diagrama X
anterior).
No tipo B, a
ameaça B é que está sozinha oposta as ameaças L e R (diagrama Y anterior).
Na terceira hipótese, onde a ameaça L estaria sozinha oposta as ameaças B e R, o squeeze falha devido a ameaça estar mal posicionada, ou seja colocada antes do oponente que a controla. Para verificar isso inverta a mão de ESTE e OESTE no diagrama X e você verá que o squeeze irá falhar.
No entanto quando queremos impor regras para efetuar determinado tipo de
squeeze notamos que o tipo B possui duas subclasses diferentes para efeito de
procedimento. Quando o naipe B possuir junto com a ameaça B somente uma
vencedora imediata chamamos de tipo B1 e quando o naipe B possuir junto com a
ameaça B duas ou mais vencedoras imediatas chamamos de tipo B2.
Existem portanto 3 regras para serem estudas e entendidas pelo bridgista:
REGRA R: em todo squeeze duplo tipo R (que é o squeeze duplo mais comum) as vencedoras no naipe L devem ser realizadas antes. As últimas vencedoras F e R devem ser realizadas depois pela mão que possui uma só ameaça. Sua execução é portanto bem fácil.
REGRA B2: em todo squeeze duplo tipo B2 devemos subdividir seu procedimento
conforme o naipe B tenha ou não vencedoras junto com a mão que possui duas
ameaças:
- se a mão que possui duas ameaças não tiver vencedora no naipe B
(central) então o squeeze final
precisa ser feito por uma carta que esteja
oposta ao naipe da ameaça B.
- se a mão que possui duas ameaças tiver uma vencedora em B (central),
então as vencedoras livres
podem ser realizadas em qualquer seqüência.
Nota: não podemos esquecer que as vencedoras no naipe B (central) precisam estar disponíveis para serem realizadas e que se for necessário usar alguma delas durante o carteio, então se sobrar uma única vencedora em B, junto com a ameaça, o squeeze se torna tipo B1.
REGRA B1: analogamente em todo squeeze duplo tipo B1 podemos subdividir seus
procedimentos em:
- se a mão com 2 ameaças tiver uma vencedora em B (central), a última
vencedora no naipe R (a
direita) deve ser jogada antes da última vencedora F
(livre).
- se a mão com 2 ameaças não tiver vencedora em B, então ela precisa
conter uma vencedora em L
com uma carta na mão oposta que sirva de entrada para
L, e as últimas vencedoras precisam ser
realizadas exatamente na ordem RFL (Right,
Free, Left) (muitos erram esse procedimento).
Vejamos agora um exemplo de fácil visualização do squeeze duplo:
AJ32
A2
diagrama
AKQ2
Z1
432
=======
KQ1098 ! N !
754
Contrato 7ST
J10983 ! O
E !
KQ765
3 !
S !
J987
saída: K
65 =======
7
6
4
10654
AKQJ1098
Após a saída de Rei de Espadas de OESTE o carteador contou as vazas e viu que tinha uma vaza de Espadas, uma vaza de Copas, três vazas de Ouros e sete vazas de Paus. Ele tinha 12 vazas e bastava os Ouros estarem 3 a 2 ou o Valete de Ouros estar seco para que o 10 de Ouros fosse a 13a. vaza.
Assim sendo o carteador jogou A e K de Ouros e notou o azar dos Ouros estarem
4 a 1. No entanto ele logo divisou um duplo squeeze salvador e irrefutável pelos
oponentes. Ele jogou a Dama
de Ouros na quarta vaza e assumindo que OESTE tenha atacado de Espadas com Rei e
Dama temos as seguintes ameaças:
-
J, ameaça L bem colocada após a
Q;
- 10, ameaça R bem colocada após o
J;
- 2 ameaça B no naipe central.
A mão que tem uma só ameaça é SUL com o 10 enquanto que
NORTE
possui as ameaças
J e 2.
O naipe L é Espadas, e o
naipe R é Ouros, enquanto que o naipe central B é Copas. O naipe F é Paus, onde
serão realizadas as vencedoras livres.
Tranqüilamente Sul jogou Paus nas vazas 5, 6, 7, 8, 9 e 10 chegando ao
seguinte final:
J
A2
diagrama
-
Z2
-
=======
Q
! N
!
-
Final de 3 cartas
J10
! O E !
KQ
- !
S !
J
Carteador joga 8
-
======= -
squeeze simultâneo
-
4
10
8
vaza 11 - SUL joga o 8 de Paus e OESTE fica squeezado entre Espadas e Copas que é o naipe central e balda Copas obrigatoriamente. Assim sendo, J deixa de ser ameaça útil e é baldado de NORTE. Agora ESTE fica squeezado entre J e o naipe central que seu parceiro já desguarneceu. e se ele baldar o J, SUL realiza o 10, se ele baldar a Q, SUL joga o 4 para o A de NORTE e realiza em seguida o 2 que é carta mico nessa altura. Note que o squeeze foi simultâneo e tipo R pois a ameaça na mão que tinha uma só ameaça era do naipe a sua direita (Right).
Obs. perceba que se o ataque fosse no naipe
central de Copas não haveria
possibilidade do duplo squeeze ocorrer. Para a defesa, o ataque no naipe
central, normalmente quebra o squeeze.
parte 4 de squeeze aqui